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quarta-feira, 17 de julho de 2013
É tão bom ser pequenino!
Muitas vezes nos Evangelhos é dado a perceber que Jesus fala ao Pai, no entanto, o conteúdo exacto daquilo que é dito por Jesus a seu Pai, em oração, só meia dúzia de vezes nos é revelado. Neste brevissimo Evangelho segundo S.Mateus Jesus diz "- Eu te bendigo, ó Pai..."
Poderia, deveria ser este o primeiro pensamento da manhã "- Eu te bendigo ó Pai". E este Pai, bom e acolhedor, gosta que falemos assim com Ele e gosta de falar assim connosco, com esta ternura de pai e de mãe em diálogo com o seu pequenino, o seu filho.
Curioso, e quem é mãe ou pai já constatou, que é o filho mais novo, o mais pequeno, que nos dá mais atenção mais miminhos e por conseguinte vê retribuído esses afectos, nada que os mais velhos não tenham também experenciado,mas a idade,o tempo, trás consigo a "sabedoria e a inteligência ", a arrogância. Não há pensamento arrogante, não há arrogância que nos leve a Deus.
Bendiz ó minh'alma o Senhor, é um Salmo lindíssimo ,mas hoje é o poema de Carlos Conde na voz do inconfundível Alfredo Marceneiro que me apraz citar :
“É TÃO BOM SER PEQUENINO”
É tão bom ser pequenino
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esperança no destino
E ter quem goste de nós
A velhice traz revés
Mas depois da meninice
Há quem adore a velhice
Para ser menino outra vez
Ser menino que altivez
De optimismo e desatino
Ver tudo bom e divino
Tudo esperança, tudo fé
Enquanto a vida assim é
É tão bom ser pequenino
Ver tudo com alegria
Sem delongas sem demoras
Viver a vida numa hora
Eternidade num dia
Ter na mente a fantasia
Dum bem que ninguém supôs
Ter crença sonhar a sós
Com a grandeza deste mundo
E para bem mais profundo
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter muito elevo a sonhar
Acordar e ter carinho
Ter este Mundo inteirinho
No brilho do nosso olhar
Viver alheio ao penar
Deste orbe torpe ferino
Julgar-se eterno menino
Supor-se eterna criança
E num destino sem esperança
Ter esperança no destino
Oh! Desventura, Oh! Saudade
Causas da minha inconstância
Dai-me pedaços de infância
Retalhos de mocidade
Dai-me a doce claridade
Roubando-a ao tempo atroz
Eu queria ter a minha voz
Para cantar o meu passado
E é tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós.
Decolores
Luís Custódio
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