São Bartolomeu - 24-08
São Bartolomeu Apóstolo foi um dos apóstolos de
Jesus Cristo.
Seu nome vem do aramaico, com uma referência patronímica: Bar Talmay - filho de
Talmay. Há historiadores que também mantêm uma referência patronímica, mas dá
outro significado para o nome: Bar Ptolomeu - Filho de Ptolomeu. Esta última
hipótese não é inverossímil, visto que Ptolomeu (suposto pai de Bartolomeu)
possuía um prenome grego, e a cultura grega tinha uma grande influência
na Judeia da época.
Nenhuma narração bíblica lhe enfoca especialmente e seu nome consta apenas nas
listas dos doze. No entanto, segundo a tradição, ele é o Natanael de que falam
outras passagens, e isso fica evidente através da comparação entre os quatro
Evangelhos. Natanael significa "Deus deu" - o significado desse nome
fica claro levando-se em conta que ele vinha de Caná, onde deve ter
testemunhado a ação de Jesus nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-11).
Como narra a Bíblia, São Filipe comunicou a Natanael (São Bartolomeu) que havia
encontrado o Messias, e que esse provinha de Nazaré, ao que Natanael responde
dura e preconceituosamente: "De Nazaré pode vir alguma coisa boa?"
(Jo 1, 46a). Essa observação é importante indicador das
expectativas judaicas quanto à vinda do Messias, então tidas.
No seu primeiro encontro com Jesus, recebe um elogio: "Aqui está um
verdadeiro Israelita, em quem não há fingimento" (Jo 1, 47), ao qual o
apóstolo responde: "Como me conheces?". Jesus responde de forma que
não podemos compreender claramente somente através das Escrituras: "Antes
que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas sob a figueira". Com
certeza se tratava de um momento crítico e decisivo na vida de Natanael. Após
essa revelação de Jesus, Natanael faz a sua adesão ao Mestre com a seguinte
profissão de fé: "Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel".
Segundo fontes históricas, São Bartolomeu teria pregado o cristianismo até na
Índia. Outra tradição diz que o apóstolo morreu por esfolamento em
Albanópolis, atual Derbent, na província russa de Daguestão junto
ao Cáucaso, a mando do governador, tanto que na Capela Sistina ele é
pintado segurando a própria pele na mão esquerda e na outra o instrumento de
seu suplício, um alfange. Segundo a Igreja Católica, mais tarde suas relíquias
foram levadas para a Europa e jazem em Roma, na Igreja a ele dedicada.
O Santo Padre o Papa, na audiência do dia 4 de
outubro de 2006, disse estas palavras que concluem o ensinamento da vida de São
Bartolomeu: "Para concluir, podemos dizer que a figura de São Bartolomeu,
mesmo sendo escassas as informações acerca dele, permanece contudo diante de
nós para nos dizer que a adesão a Jesus pode ser vivida e testemunhada também
sem cumprir obras sensacionais. Extraordinário é e permanece o próprio Jesus,
ao qual cada um de nós está chamado a consagrar a própria vida e a própria
morte".
Oração a S Bartolomeu
Glorioso São Bartolomeu, modelo sublime de virtude e puro frasco
das graças do Senhor! Proteja este seu servo que humildemente se ajoelha a seus
pés e implora que tenha a bondade de pedir por mim junto ao trono do Senhor.
São Bartolomeu, use todos os recursos para me proteger dos perigos
que diariamente me rodeiam! Lance seu escudo protetor em minha volta e me
proteja do meu egoísmo e de minha indiferença a Deus e ao meu vizinho.
São Bartolomeu , me inspire em imita-lo em todas as minhas ações.
Derrame em mim suas graças para que eu possa servir e ver a Cristo nos outros e
trabalhar para a Vossa maior gloria.
Graciosamente obtenha de Deus os favores e as graças que eu muito
necessito, nas minha misérias e aflições da vida. Eu aqui invoco sua poderosa
intercessão, confiante na esperança que ouvirás minhas orações e que obtenha
para mim esta especial graça e favor que eu reclamo de seu poder e bondade fraternal,
e com toda a minha alma imploro que me conceda a graça ...(mencionar aqui a
graça desejada ), e ainda a graça da salvação de minha alma e para que eu viva
e morra como filho de Deus, alcançando a doçura do Vosso amor e a eterna
felicidade. Amem
E já agora a historia do
nosso património também deve ser conhecida:
A IGREJA DE S. BARTOLOMEU,
da CASTANHEIRA DO RIBATEJO
Uma
jóia da Renascença que necessita de protecção
(
Imóvel de Interesse Público - Decreto nº 45327 de 25/10/1963 )
A Igreja Matriz da
Castanheira do Ribatejo, da invocação de S. Bartolomeu, foi mandada construir
por D. António de Ataíde, que recebeu o título de 1º Conde de Castanheira em 1
de Maio de 1532. Este Senhor era valido de El-Rei D.João III e seu Vedor da Fazenda.
Personalidade culta, inteligente e de elevada competência D. António de Ataíde
desempenhou altas funções ao serviço daquele Rei; com apenas 21 anos ( ainda
não era Conde ), foi enviado a França como embaixador em missão de grande
envergadura e resolvida com sucesso; tratou do casamento do infante D. Duarte
interferiu nas propostas dos procuradores nas Cortes de 1535, além do seu
desempenho regular e proficiente de Vedor da Fazenda Real. Era também Senhor
das vilas de Povos e Cheleiros e do morgado da Foz e ainda alcaide-mor de
Colares.
Castanheira do Ribatejo
veio à sua posse, por morte de seu pai, D. Álvaro de Ataíde, que dela tinha
beneficiado por ter casado com D. Leonor de Noronha, cujo sogro D. Pedro Vasques
(ou Vaz) de Mello ser o possuidor da Castanheira do Ribatejo. Esta Vila, que é
hoje uma freguesia do concelho de Vila Franca de Xira, pertencia antigamente à
Casa do Infantado e teve foral dado por D.Manuel I, em Santarém, no
dia 1 de Junho de 1510. Possuia pelourinho e Câmara. Ainda no início do século
XVIII (depois de 1700), a Castanheira dispunha de um governo civil da Câmara,
assistido por dois juízes ordinários, três vereadores, um procurador do
concelho, escrivão da Câmara, um juíz dos órfãos com escrivão e quatro
tabeliães. Possuia ainda capitão-mor e uma companhia da ordenança com
sargento-mor que provinha do início do condado representado na pessoa do seu 1º
Conde, D.António de Ataíde. Nos arredores da Vila, ainda existia a ermida de Nª
Sª do Tojo e a sumptuosa Igreja de Nª Sª da Barroquinha. Depois do terramoto de
1531, os templos e edifícios nobres da Castanheira ficaram em ruínas, e
D.António de Ataíde mandou de imediato, reedificá-los. Castanheira possuia
Misericórdia e Hospital que servia de albergaria de recolhimento de homens
pobres. O seu sobrinho D.Fernando de Ataíde, fundou em 1514, o Convento de
Freiras de Santa Clara da Terceira Regra de S.Francisco, também denominado
Mosteiro da Sub-Serra da Castanheira ou ainda Convento de Nª Sª da Annunciada,
com autorização do Papa Leão X, sob as condições de ter sómente treze freiras e
ser edificado no distrito da paróquia de Santa Maria de Povos. D:Fernando de
Ataíde não viu concluída esta obra porque faleceu em 1525, mas sua mulher
D.Leonor de Noronha, filha de D. Diogo Lobo, 2º Barão de Alvito, deu-lhe
continuidade com o apoio material do 1º Conde de Castanheira, seu tio por
afinidade. O Convento acabou por ser concluído em 1541, sendo o 1º Conde
D.António de Ataíde o responsável supremo e no qual se recolheu a sua mulher
quando enviuvou e ainda duas filhas e pelo menos oito netas. Para este
Convento, vieram transferidas de Alenquer, as freiras do Convento de Nª Sª da
Conceição, da mesma Ordem de Santa Clara, quando em 1811, as legiões de
Napoleão Bonaparte o incendiaram.
D.António de Ataíde nasceu
em 1500 e faleceu em 1563. A Igreja da Castanheira foi construída em 1534, no
local onde anos antes havia ruído a primitiva Igreja, por via daquele
terramoto, Igreja essa que tinha por orago S. João. No interior da Igreja
actual, na parede lateral direita há uma lápide com a seguinte inscrição:
" Esta Igreja mandou fazer o muito ilustre Senhor D. António de Ataíde,
primeiro conde da Castanheira, no ano de 1534. O retábulo do altar-mor e os
sinos grandes e as casas do prior sem ajuda da clerezia e do povo pelo que o
prior e beneficiados do ano de 1564 ordenaram por sua morte, que foi a 7 de
Outubro, digam para sempre por sua alma nesta Igreja um nocturno com missa
cantada de defuntos e dia de S.Bartolomeu lhe digam um responso cantado acabada
a missa do dia, e todas as vezes que a cruz desta igreja fôr a Santo António em
procissão digam um responso cantado sobre a sua sepultura".
D.António de Ataíde, está
indicado nos documentos, como sepultado no Convento de santo António, próximo
do lugar da Loja Nova. Porém, não se sabe onde originariamente teria sido
sepultado, porque só mais tarde, seu filho D.Jorge de Ataíde, que foi bispo de
Viseu, tratou de construir mausoléu para os seus pais nesse Convento, que foi
fundado em 1400 por Frei Pedro de Alamancos.
A Igreja da Castanheira é
quinhentista com traça firme do estilo renascença, como o atesta o pórtico
principal de entrada e o arco triunfal de acesso ao altar-mor. O pórtico
principal possui duas colunas em forma de fustes estriados e o arco é de volta perfeita;
a encimá-lo estão esculturas formando medalhões ao fino gosto de Nicolau
Chanterenne, o introdutor do estilo renascença, em Portugal. Ainda por cima do
pórtico, e entre este e a janela gradeada, encontramos o brasão dos Ataídes. A
altaneira e magnífica Torre sineira é ornada por coruchéu, estilo barroco
tardio. Na fachada lateral esquerda, do lado desta torre sineira e a meio do
corpo exterior da Igreja, presenciamos uma outra porta renascentista. O
interior da Igreja recebe a luz solar através de janelões de fresta chanfrada
formando ogivas para o exterior, possibilitando deduzir-se que as paredes
mestras em pedra desta Igreja possuem uma espessura ou largura de construção de
cerca de 1,20 m. Na parede voltada a sul há quatro janelões; um
deles parcialmente tapado pelo encosto do altar interior do lado direito; o
outro totalmente fechado, na parte inferior da parede, o que permitiu no lado
oposto interior a formação de uma pequena área com armário de livros bíblicos e
de catequese. Na parede exterior voltada a norte, existem dois janelões do
mesmo tipo e ao centro na base inferior a porta lateral renascentista, já atrás
referida. No flanco esquerdo, junto à torre sineira, discortinam-se mais dois
janelões de menor dimensão, e numa posição de altura de cave, a porta de acesso
à cripta desta Igreja. Há ainda para observar, quatro gárgulas do telhado, com
formas aproximadas de corpo frontal de animais (carneiro, cão e talvez ave de
rapina), que são pedras trabalhadas numa escultura grotesca, possuindo um canal
escavado por onde escoam as águas pluviais da cobertura da Igreja. O corpo
exterior da Igreja está reforçado com quatro colunas de reforço,
paralelepipédicas em pedra (duas de cada lado) dando assim consistência à
construção para suportar tremores de terra e desgaste dos agentes
erosivos. Diversos outros elementos arquitectónicos existem na
Igreja que revelam o carácter renascentista de estilo. Por exemplo, as quatro
mísulas encastoadas nos azulejos das paredes da nave central e que podem
revelar terem saído delas os arcos da abóboda primitiva. Este vestígio de arcos
de suporte da abóboda primitiva, poderá também ser discortinado pelos arranques
de pedra que se veem nos cantos-vértices esquerdo e direito ao entrarmos na
Igreja e no canto superior direito, por cima do altar ddo Sagrado Coração de
Maria. Se pensarmos que, com o terramoto de 1 de Novembro de 1755, a Igreja
tenha sofrido severos danos e ter caído o tecto, é provável que a cobertura
actual é posterior a essa data com uma concepção diferente e quiça ter já
sofrido outras alterações, e em que o forro a madeira do tecto, nada tenha a
ver com o que era primitivamente. Com efeito, no inquérito das Memórias
Paroquiais à vila da Castanheira, de 4 de Setembro de 1759, ficou a saber-se
que no terramoto de 1755, a igreja de S. Bartolomeu, da Castanheira, ficou
apenas com as paredes levantadas (ANTT, Memórias Paroquiais,
"Castanheira", vol. 9, 1759, fl. 1243) Tudo leva a crer que a Igreja,
possuia, antes desse terramoto, uma abóboda que ficou destruída, e que a mesma
era formada por nervuras, do tipo estrelato, tal como D.António de Ataíde,
mandava construir em todos os templos onde ele era Senhorio; a Igreja
patenteia, ainda, as mísulas de descarga da abóboda. A cripta desta Igreja,
mantém e conserva o mesmo tipo de tectos, com arcos cruzados, dessa época
quinhentista. As duas pias de água benta e o púlpito são de estilo renascença,
embora este último que se revela em cinco calotes triângulares de um poliedro
octogonal, tenha traço de gótico tardio. Há também, dois interessantes
confissionários, nas paredes laterais e opostos, numa bem imaginada concepção,
porque estão encastrados nas paredes e ornados no friso de alvenaria com
discretos losangos trabalhados na pedra. A pia baptismal, situada logo à entrada
da Igreja, do lado esquerdo, é também uma obra perfeita e bem desenhada em
estilo renascença. O altar-mor é de extraordinária beleza, com retábulo de
grossas colunas torças, cuja talha dourada é profusamente decorada com motivos
de frutos e aves. Ao centro do altar está o magnífico sacrário de grandes
dimensões, uma autêntica jóia de arte plena de criatividade individualista. Na
sua rectaguarda e em posição ligeiramente superior encontra-se a magestosa
Imagem da Imaculada Conceição e no topo do pedestal, de raro desenho artístico,
está instalado Cristo crucificado. São do século XVIII, outras duas obras de
grande valor arquitectónico: os dois altares laterais, de consideráveis
dimensões: do lado direito, um altar em pedra que apresenta um retábulo em talha
enquadrando uma tela com figuras de alminhas e com os arcanjos S.Miguel,
S.Gabriel e S.Rafael; neste altar podemos ainda contemplar, ao centro, Cristo
crucificado, e lateralmente as Imagens de S.Sebastião e S. Pedro. Do lado
esquerdo, um outro altar em alvenaria pintada, com retábulo, também em talha
que enquadra uma Imagem de Nª Sª e o Menino e que muitos entendidos consideram
ser Santa Ana e a Virgem (Mãe da Virgem Nª Senhora). Neste altar
está a Imagem do orago desta Igreja: S. Bartolomeu. Afixado e ocupando o
interior deste altar, na sua parede, há um Cristo crucificado, que é um
invulgar e delicado trabalho em chapa de cobre, recortada e pintada. Há mais
uma outra valiosíssima Imagem, que não ocupa lugar fixo. É a Imagem de S.João
Baptista, que faz parte da Capelinha deste Santo, situada junto à Estrada
Nacional, Imagem essa, a mais representativa das gloriosas festas de S.João, da
Castanheira, cujo andor sai dessa Capelinha para a Igreja Matriz e de novo
regressa àquela.
Outro valioso património
artístico do interior desta Igreja, é todo o seu conjunto de azulejaria. As
paredes da área do altar-mor, nas suas totais superfícies, estão forradas com
azulejos de tipo tapete, do século XVII, que sobem até ao tecto de masseira,
ricamente decorado com pinturas místicas ou de caracter bíblico. As paredes de
toda a nave, são forradas, mas não na totalidade das superfícies, por duas
ordens de azulejos; a começar do pavimento até metro e meio de altura, estão
colocados azulejos do mesmo século, em cores verde e branca, numa relativa
disposição de linhas diagonais que se cruzam perpendicularmente formando
quadrados de duas dimensões. A partir dessa altura e por mais uns quatro
metros, as paredes estão forradas com azulejos de tipo tapete formando desenhos
geométricos e com figuras de elos de cadeias e estampas de anjos. Na área de
paredes, junto à porta de entrada, os azulejos não sobem à mesma altura,
portanto quedam-se por uma altura inferior, devido ao facto, assim julgamos, de
em tempos essa área corresponder à zona de fixação do Coro desta Igreja, no
qual existia um órgão de considerável valor.
Todo o
pavimento desta Igreja é em pedra e mosaico. O assento em pedra é, quase na
totalidade, constituído por grandes lages com inscrições que correspondem a lápides
de túmulos de distintas pessoas e famílias que haviam sido sepultadas na Igreja
que antecedeu esta.
Fontes: - Antiguidades do
Moderno Concelho de Vila
Franca
de Xira, de Lino de Macedo
-
Boletim da Associação dos Arqueólogos Por-
tugueses-Janeiro
1911; Brito, Nogueira de (1912)
-
O Hospital do Espírito Santo da Vila da Castanheira,
de
Isaías da Rocha Pereira (Separata do Boletim da
Associação
de Arqueólogos Portugueses)
-
Monumentos e Edifícios Notáveis do distrito de
Lisboa
- edição da Junta Distrital de Lisboa.