Naquele
tempo, alguém do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que
reparta a herança comigo.»
Ele respondeu-lhe: «Homem, quem me nomeou juiz ou
encarregado das vossas partilhas?»
E prosseguiu: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque,
mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos seus bens.»
Disse-lhes, então, esta parábola: «Havia um homem rico, a
quem as terras deram uma grande colheita.
E pôs-se a discorrer, dizendo consigo: 'Que hei-de fazer,
uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita?'
Depois continuou: 'Já sei o que vou fazer: deito abaixo
os meus celeiros, construo uns maiores e guardarei lá o meu trigo e todos os
meus bens.
Depois, direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito
para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.'
Deus, porém, disse-lhe: 'Insensato! Nesta mesma noite,
vai ser reclamada a tua vida; e o que acumulaste para quem será?'
Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é rico em
relação a Deus.»
Da Bíblia Sagrada - Edição
dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Isaac, o Sírio (século VII),
monge perto de Mossul
Discursos ascéticos, 1ª
série, nº 38
«Nesta mesma noite, vai ser
reclamada a tua vida»
Senhor, torna-me digno de
desprezar a minha vida pela vida que há em Ti. A vida neste mundo parece-se com
aqueles que se servem das letras para formar palavras, acrescentando, truncando
e mudando as letras a seu bel-prazer. Mas a vida do mundo que há-de vir
parece-se com aquilo que está escrito sem o menor erro nos livros selados com o
selo real, onde nada há a acrescentar e onde nada falta. Portanto, enquanto
estivermos no meio da mudança, estejamos atentos as nós próprios. Enquanto
tivermos poder sobre o manuscrito da nossa vida, sobre aquilo que escrevemos
com as nossas mãos, esforcemo-nos por lhe acrescentar o bem que fazemos e
apagar os defeitos da nossa conduta anterior. Enquanto estivermos neste mundo,
Deus não coloca o seu selo, nem sobre o bem nem sobre o mal; só o fará na hora
do nosso êxodo, quando a obra estiver acabada, no momento da partida.
Como disse Santo Efrém, é
preciso considerar que a nossa alma é como um navio, pronto para a viagem, mas
que não sabe quando virá o vento; ou como um exército, que não sabe quando vai
soar a trombeta, anunciando o combate. Se ele fala assim do navio ou do
exército, que esperam uma coisa que talvez nem chegue, como não teremos nós de
nos preparar com antecedência, antes que esse dia venha de modo brusco, que
seja lançada a ponte e se abra a porta do mundo novo! Possa Cristo, o Mediador
da nossa vida, permitir que estejamos preparados.
Meditação:
Irmãos, no evangelho de ontem eramos
exultados a oração, ao diálogo e pedidos a Deus, hoje porem Cristo adverte-nos sobre
o que devemos pedir, sobre os prepósitos da vida.
Não devemos
pois viver em função da conquista material, deixando muitas vezes a vivência fraternal
e cristã de lado, não devemos viver alheados do mundo que nos rodeia mas não
devemos viver em função disso.
Devemos refletir na vivência que
temos, reparar condutas, reconciliarmo-nos verdadeiramente com Cristo, seguindo
a sua vivência, a sua conduta. Devemos perseguir uma vida plena de caridade fraterna,
e como nos dizia Jesus quando enviou os discípulos a evangelizar os povos se a
vossa ajuda não for bem recebida, não percais tempo, pois poderão ficar outros
sem ajuda.
Devemos pois regermo-nos pelo essencial,
pelo nosso Tripé: pela piadade, na nossa oração diária, na nossa meditação e diálogo
com Deus e seu Filho, no pedido de discernimento ao Espirito Santo; No estudo,
tentando absorver e compreender o que nos é pedido por parte de Deus pai para a
nossa vida; Na ação, agindo e atuando em pleno espirito de caridade e estando
atentos as necessidades dos que nos procuram, não perdendo tempo com os que
rejeitam a nossa ajuda.
Um
abraço,
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